Construir CICLOVIAS é dever do poder público e DIREITO do cidadão

Ciclovia JáQuantos ciclistas e “bicicleteiros” ainda irão morrer em Cuiabá por atropelamento antes que o poder público tome providências e construa ciclovias?

Hoje o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de bicicletas, com cerca de 5 milhões de bikes fabricadas todos os anos. Seu uso cresce exponencialmente e já faz parte da paisagem de muitas cidades brasileiras.

Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares, na Zona Franca de Manaus, que concentra três grandes indústrias de bicicletas, a produção teve alta de 22%, sendo que o mercado de bicicletas aumentou de 2011 para 2012 em 5,9%.

A frota nacional é de mais de 70 milhões de bicicletas, sendo que a produção anual chega a mais de 4 milhões de unidades.

Cerca de 40% destas bicicletas compradas são utilizadas como meio de transporte urbano e Cuiabá, com uma prefeitura descompromissada com os transeuntes e ciclistas, vai à contramão das capitais brasileiras, com melhor IDH, que constroem ciclovias com toda infraestrutura necessária para segurança dos ciclistas e em benefício dos transeuntes e cidadãos.

Este governo municipal repete a ineficiência de outros e de certa forma, com as “obras da copa”, aflora sua impotência diante de intervenções urbanas que somente se preocupam com aqueles que estão dentro dos seus automóveis e por onde eles transitam ou estacionam.

Não existe nos projetos e obras nenhuma preocupação com as pessoas que andam de bicicleta ou a pé e, sendo estas últimas às verdadeiras responsáveis pela história e cultura da nossa cidade.

Faço das palavras do Arq. Moacyr Freitas as minhas: “Diante das inúmeras desatenções a essas pessoas é que cheguei a conclusão de que algo está mal focalizado na administração da nossa cidade. Numa análise da administração senti muito pouco aplauso a ela porque a estrutura do seu governo não visa o objetivo imediato de satisfazer as pessoas no que lhes toca mais de perto”.

A VIDA…

Esse governo municipal, com seus projetos faraônicos “inspirados” em obras europeias ou asiáticas – vide “Porto Maravilha” que corta árvores da mata ciliar do Rio Cuiabá para parecer, quem sabe, o Rio Sena ou Tâmisa daqui a poucos anos – se esquece ou desconhece que em uma pesquisa realizada pela agência NPR a venda de bicicletas ultrapassou a de carros em praticamente toda a Europa. Este fenômeno atingiu 25 dos 27 países membros da união europeia.

A constatação afeta até mesmo países tradicionalmente voltados aos automóveis, como a Alemanha e a Itália.

Infelizmente esta tendência ainda não alcançou Cuiabá, onde os incentivos ao uso das bicicletas são ínfimos ou mesmo inexistentes, comparando a outras cidades brasileiras como Rio de Janeiro, São Paulo e Florianópolis, por exemplo, e em especial às cidades europeias – já que o governo municipal de Cuiabá gosta tanto de desejar “projetos” existentes na Europa – como Amsterdã, Paris e Copenhagem.

Historicamente, com o advento da construção de Brasília, a cidade de Cuiabá sofreu grandes transformações arquitetônicas e urbanísticas, e dentre elas podemos citar a infâmia que foi a derrubada de um grande e valioso patrimônio histórico, a Igreja Matriz.

Quem sabe hoje a prefeitura ambicione novamente Brasília, mas para coisas boas… Vejam só: “Em 2004, o DF tinha apenas 5km de malha cicloviária. Oito anos depois, a extensão saltou para 173km. Neste ano, outros 192km estão em execução, com conclusão prevista para dezembro. Até 2015, a ideia é que o território da capital brasileira disponha de 614km de faixas exclusivas para as bicicletas…. Esse resultado dará a Brasília o título de cidade com a maior extensão de ciclovias do país e uma das líderes do mundo, atrás apenas de Nova York (Estados Unidos), com 670km, e à frente de Copenhague (Dinamarca), Paris (França) e Amsterdã (Holanda), que têm, respectivamente, 350km, 394km e 400km, de acordo com a Organização não governamental mobilize Brasil” (fonte: Correio Brasiliense, 28/11/2013).

Que tal prefeito? Já que o ilustre cidadão que governa nossa capital prefere “importar soluções” em detrimento a nossa cultura… Seria uma boa opção, como a capital federal está fazendo, direcionar sua administração para as pessoas, transeuntes e ciclistas, ao invés dos carros.

Nossa Cuiabá iria ser eternamente grata e Vossa Excelência honraria os votos que recebeu da população que acreditou e o apoiou.

Eduardo Chiletto
Conselheiro Federal do Conselho de Arquitetura e Urbanismo
Conselheiro Suplente do CMDE

Sobre Eduardo Chiletto

Arquiteto e Urbanista - Presidente da Academia de Arquitetura e Urbanismo-MT. Coordenador Nacional de Projetos da PAGE - Brasil. Secretário de Estado de Cidades-MT (2015-2016)... Conselheiro e Vice-presidente do CAU/MT - Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (2015-2017)
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2 respostas para Construir CICLOVIAS é dever do poder público e DIREITO do cidadão

  1. Gilberto Gomes Sr disse:

    Compartilho veementemente com a conveniência – necessidade mesmo – de ciclovias em nossa capital. Não me atrevo a andar de bike pelas nossas ruas, acho isso meio que roleta russa. Nossos motoristas são horríveis, pais irresponsáveis permitem que seus filhos comecem a aprender a dirigir ainda na puberdade – nas ruas da cidade – e dá no que deu: morte de inocentes, pela irresponsabilidade de alguns; o mesmo com os motoqueiros suicidas da cidade – uns loucos irresponsáveis que se matam, se aleijam e matam e aleijam os outros. Aprovo tudo, mas acho que, antes de críticas contundentes, vale a pena reivindicar e então, não atendida a reivindicação, aí sim, vamos criticar. Em verdade, nossa cidade vem sendo morta e destruída há muitos anos pelos sucessivos prefeitos que por aqui passam, desde muito tempo. A periferia e os córregos poluídos são testemunhas vivas disso.

  2. CARLA C P ROCHA disse:

    Chiletto chegou a hora de fazer algo neh – vamos mexer o bolo ?

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