A Triste Burocracia Dos Órgãos Públicos

Segundo dados da ONU/UNIDO – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, “o mundo não está no caminho certo para alcançar o ODS 2 – FOME ZERO E AGRICULTURA SUSTENTÁVEL – Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável – no momento, quase 830 milhões de pessoas não sabem de onde vem sua próxima refeição”.

Pra não dizer que não falei das Flores“, faço aqui uma reflexão sobre o andamento das ações e principalmente dos processos de cunho social que dependem do “processo burocrático governamental” em todos os seus três níveis, Federal, Estadual e Municipal, e ainda das entidades e instituições públicas.

Esta reflexão ocorreu quando recentemente passei por uma cirurgia cardíaca e a possibilidade concreta da minha morte terrena. Sempre tive muito amor pela vida e procurei vive-la intensamente. Mas também nunca tive medo da morte terrena, e gosto inclusive de fazer esportes radicais. Entretanto a cirurgia me fez repensar a vida.

O ser humano é o único na natureza que tem consciência de que um dia vai morrer. E desta forma, consciente dos seus deveres éticos, morais, espirituais e humanos, procura fazer da vida uma luta digna para que, de alguma forma, ele possa deixar um legado e uma melhor qualidade de vida para as futuras gerações, melhorando o bem-estar humano e igualdade social,  ao mesmo tempo em que procuramos reduzir significativamente os riscos ambientais e os desequilíbrios ecológicos.

A pergunta que faço a vocês leitores é: Vocês pretendem deixar algum legado para serem lembrados depois da sua passagem por esta vida? E se sim… que legado pretendem deixar?

Tenho certeza que todos que estão lendo este artigo nasceram, como eu falava como professor para meus alunos de Projeto de Habitação de Interesse Social, na UNIC – Universidade de Cuiabá do grupo Kroton, em “berço de ouro“. Vou explicar…

Não por nascerem ricos em dinheiro, mas ricos pela oportunidade que a vida lhes deu para estudar, ter boa educação familiar, possuir acesso a este link, trabalhar e ser hoje quem vocês são, ocupando inclusive alguns de vocês amigos leitores, cargos de chefia.

Isso é um grande privilégio se contarmos que 70% da nossa população não nasceu com essas condições e que possuem rendimento abaixo do salário mínimo. E que o mapa da nossa pobreza revela que 29,6% dos brasileiros tem renda familiar inferior a R$ 497,00 mensais.

Então volto a dizer: Somos privilegiadíssimos pelas graças de Deus, pelos Espíritos de Luz e por podermos trabalhar e sermos quem somos hoje, ocupando cargos e alguns de vocês funções públicas, que podem e devem proporcionar, como servidor público, melhor qualidade de vida aos nossos irmãos que não nasceram com esses privilégios ou bênçãos.

A minha grande angústia é: O que os órgãos públicos estão esperando para servir ao público, principalmente aos despossuídos? Vamos deixar a burocracia engessar as almas e vidas dos servidores públicos?

Um fato veio a minha mente agora que têm tudo a ver com “servir ao público”…

Chico Buarque e Tom Jobim, no ano de 1968, no Festival Internacional da Canção ganharam o primeiro lugar com a lindíssima música “Sabiá”. Realmente muito linda… Mas mesmo assim o público vaiou. E vocês sabem o porquê né?

Porque Geraldo Vandré tirou o segundo lugar com a música: “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Fores” e a plateia a queria como primeiro lugar, visto sua letra reportar um momento importantíssimo da nossa história democrática.

Como vocês podem ver, segue um dos trechos da letra da canção que tem tudo a ver com serviços públicos e os processos burocráticos dos órgãos e instituições públicas.

Pelos campos há fome… Em grandes plantações… Pelas ruas, marchando…Indecisos cordões…”

Na época do festival eu tinha 07 anos de idade e 55 anos depois ainda vemos fome nos campos… O que me deixa muito triste e reflexivo porque acredito firmemente que temos condições de sermos protagonistas e mudarmos um pouco (ou muito) esse “status quo” e deixarmos um legado para as futuras gerações, como um canal para a promoção do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza.

Em outro trecho da letra Geraldo Vandré escreveu:

“…Vem, vamos emboraQue esperar não é saberQuem sabe faz a horaNão espera acontecer…”

Repito: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”Há muitas pessoas passando fome e que não podem esperar meses ou anos para para esperar ações políticas que possam proporcionar um prato de comida decente aos seus filhos e família.

Todos que estão lendo este artigo possuem família, não é? Os funcionários públicos dos órgãos e entidades também possuem. Então pergunto: Eles e vocês gostariam de ver seus filhos ou pais passando fome? Com toda a certeza não!

Precisamos, se quisermos deixar algum legado, fazer acontecer JÁ!!!

“,,,Os amores na mente… As flores no chão… A certeza na frente… A história na mão…”

Volto a dizer: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer“. Temos a história em nossas mãos!

Desta forma, os órgão e instituições públicas podem se tornar um poderoso instrumento para avançar na implementação do Desenvolvimento Sustentável, na medida em que o governo e os servidores públicos possuem em sua mãos acesso a uma ampla gama de serviços e ferramentas para implantar serviços e programas de qualidade.

Esse legado coletivo pode se destinar a promover a consciência social, ampliar a oferta de serviços e a formação profissional especializada, ao mesmo tempo em que irá fomenta o desenvolvimento e a implementação de políticas mais inclusivas, favorecendo a troca de conhecimentos e tecnologias, o diálogo entre as diversas experiências  e as políticas públicas em âmbito municipal, estadual e federal, contribuindo assim para a melhor implementação  das iniciativas de obter a sustentabilidade social, econômica e ambiental, a geração de trabalho decente e a promoção do bem-estar humano.

Bons leitores e amigos, desejo de coração que Deus e os Espíritos de Luz possam iluminar todos vocês e que todos possam deixar um legado em prol da população carente, dos despossuídos, do Desenvolvimento Sustentável e dos ODS.

E que o direito a um prato de comida e a uma vida decente seja para todos o direito de se ter um lugar para se viver, morar e sonhar com dignidade, alegria e esperança…

Eduardo Cairo Chiletto

Sobre Eduardo Chiletto

Arquiteto e Urbanista - Presidente da Academia de Arquitetura e Urbanismo-MT. Coordenador Nacional de Projetos da PAGE - Brasil. Secretário de Estado de Cidades-MT (2015-2016)... Conselheiro e Vice-presidente do CAU/MT - Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (2015-2017)
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